A informação é uma das necessidades do ser humano. Como poderíamos sobreviver sem comunicar? Sem acesso à informação?
Assim, se é função de um governo promover os direitos de cada um dos cidadãos, é sua obrigação não esquecer que o direito à informação é um desses direitos.
A Resolução do Conselho de Ministros nº 135/2002, de 20 de Novembro, definiu o novo enquadramento institucional da actividade do governo no que á sociedade da informação diz respeito. Assim compete à agência nacional para a sociedade do conhecimento promover o acesso à informação por parte de todos os cidadãos.
Este acesso há informação diz respeito a medidas como a difusão da banda larga, que se pretende que chegue ao lar de todos os portugueses, mas também à inclusão de cidadãos com necessidades especiais.
A Internet pode representar simultaneamente um elemento facilitador do acesso à informação a cidadãos com necessidades especiais, como uma barreira ao acesso dessa informação, tudo depende de nós – profissionais da comunicação. Há por isso que ter em consideração algumas regras básicas de acessibilidade na concepção e construção de espaços na web, nomeadamente as directrizes do consórcio do W3C.
No sentido de verificar de que modo estão a ser aplicadas as medidas governamentais no sentido de tornar os sites da administração pública acessíveis, e de perceber de que modo se pode tornar o design web mais inclusivo, procedeu-se à analise do site do ministério da saúde:
http://www.min-saude.pt/portal.
Em primeiro lugar, e se me permitem a observação, o site do ministério da saúde, de entre os sites dos diversos ministérios é um dos mais agradáveis do ponto de vista visual, organizados e fáceis de navegar (o que não significa que cumpra sequer todas as regras de usabilidade). Mas será este site ACESSÍVEL?
O primeiro aspecto sobre o qual coloco algumas dúvidas é o menu. O facto do menu ser drop down pode levantar alguns problemas de acessibilidade, embora neste caso não sejam tão graves uma vez que não se trata de um menu em flash (que em programas de leitura de ecrã seria totalmente invisível). Contudo neste caso o menu não é problemático, uma vez que desce imediatamente quando passamos o rato sobre ele, e poderia ser feita a sua leitura vertical por programas de leitura.
Quando se fala em questões de acessibilidade há que ter em conta que para alguns utilizadores só o código é visível. De tal modo que uma das directrizes de prioridade 1, do W3C, seja o fornecer conteúdo equivalente ao disponível de modo visual ou sonoro. Olhamos para o cabeçalho do site do Ministério da Saúde e imediatamente nos apercebemos de que esta, uma das regras fundamentais de acessibilidade foi quebrada. Temos uma indicação do país, o nome e a bandeira, que são uma imagem e não têm qualquer equivalente textual. E o mesmo acontece com os restantes elementos do cabeçalho, sendo que a única indicação que recebemos com o atributo ALT é o URL do site para o qual parte da imagem é link. Temos inclusive um motor de pesquisa cuja indicação é uma imagem, sem equivalente textual e mesmo o ícone de pesquisa e o link para pesquisa avançada, nada mais indicam, a utilizador que não possa ver as imagens, que o URL da página a que ligam, e que não é de todo ilustrativo da sua função.
E a inexistência de equivalente textual para as imagens se repete ao longo da página. Nenhumas das fotografias da página inicial têm atributo ALT ou LONGDESC.
Outro ponto criticável é o uso de uma imagem – um quadrado cinzento com uma seta – como link para o texto integral dos destaques da primeira página. Este elemento é fundamental para que o utilizador possa aceder àquela informação e para quem não vê o quadrado, mais uma vez a única indicação é o URL. No caso, por exemplo, de uma pessoa, que por algum problema, não receba as imagens, nem sequer se apercebe de que existe um link para a leitura integral daquele texto.
O mais grave é que isto acontece com elementos fundamentais para a navegação no site como por exemplo nos cabeçalhos da informação do lado direito, que são também eles imagens. E de acordo com a análise automática do programa Hera a inexistência de equivalente textual para imagens repete-se, havendo ao longo do site 146 imagens sem textos alternativos.
Com esta questão está também relacionada a necessidade de não utilizar scripts ou outros objectos programáveis, mas sobretudo que a sua não activação não prejudique o acesso ao conteúdo. Contudo alguns links do site são activados por script, o que poderá levar a que não se possa ir para essa páginas.
Por outro lado os criadores deste site tiveram a percepção de que nem toda a gente consegue ler as letras no tamanho apresentado no site – realmente muito pequenas. De tal modo que disponibilizaram uma opção para aumentar o tamanho de letra. Contudo esta opção acaba por não ter grande vantagem para as pessoas que realmente vêm mal, uma vez que a alteração no tamanho do texto não é muito significativa. Mesmo assim é de louvar que tenham tido em atenção esta questão.
(continua)