Wednesday, April 11, 2007

(estado da arte) – Instalação II

A verdade é que os artistas estiveram sempre alguns passos à frente, reflectiram mudanças sociais, na cultura e tecnologia, mesmo antes que estas tivessem oficialmente chegado. Do mesmo modo, não tinha sido ainda sido proclamada a era digital e já eles experimentavam o meio. Embora no início estes trabalhos tenham sido considerados periféricos no mundo da arte, no final do século XX a ‘Arte Digital’ havia já estabelecido o seu espaço, e museus e galerias de todo o mundo começavam a coleccionar e organizar exposições de arte digital.



No que diz respeito ao contexto artístico, a arte digital não se desenvolveu num vacum da história da arte, pelo contrário sofreu fortes influências com outros movimentos artísticos, estando intimamente ligada ao dadaísmo, à arte conceptual, ao movimento fluxus… Movimentos artísticos que influenciaram a nível formal as obras de arte digital, nomeadamente no ênfase dado ao conceito, introduzindo a noção de evento, audiência e participação numa oposição à tradicional unidade dos objectos materiais.


De tal modo que a base de toda a ‘computer art’ é a instrução como elemento conceptual, um conjunto de regras como processo para a criação artística, uma ideia ligada à visão de uma operação computorizada como resultado de um conjunto de instruções que num determinado número de passos conduz a um resultado. Também a noção de Interactividade e Virtual na arte foram alvo da atenção de artistas que interligaram outras correntes artísticas com a arte digital, tal como Marcel Duchamp e Lászlo Moholy-Nagy, por exemplo na relação entre os objectos e os seus efeitos ópticos. De tal modo que podemos percebera interligação da arte digital com o dadaísmo, pelas experiências de Duchamp, aclamado artista dadaísta. O trabalho de Duchamp foi, na realidade, extremamente influenciado pela arte digital: a mudança do objecto para o conceito incorporado em muitas das suas obras que pode ser visto como um predecessor da passagem ao ‘Objecto Virtual’ como uma estrutura em construção e a relação com a apropriação e conecção de imagens que tem uma papel dominante em muitos trabalhos de arte digital.


A influência do grupo Fluxus, grupo de artistas, músicos e performers, deu-se, por exemplo, na ideia da fusão da participação da audiência e de evento como a unidade mais pequena de uma situação de modo que antecipa a Interactividade, e a natureza se algumas obras de arte baseadas no conceito de evento.



Assim sendo podemos definir a Arte Digital como possuidora de um conjunto de características distintivas da sua estética: Interactivo, Carácter participativo, Dinâmico, Costumizável.



A Obra de Arte torna-se uma estrutura aberta, num constante fluxo de informação que capta o público e cria uma relação com este. Do mesmo modo os papéis do público e do artista se alteram. O público torna-se participante na obra, fazendo uma re-assimilação dos componentes textuais, visuais e contextuais do projecto. O Artista desempenha um papel de mediador ou facilitador da interacção da audiência e contribui para este processo com concretização final da obra de arte, criando-se uma complexa colaboração na criação da obra de arte. Desta forma a Arte Digital quebra as fronteira entre: arte, ciência, tecnologia, design…



Interactivo: o uso deste vocábulo vulgarizou-se e, mais que isso, banalizou-se, é usado em numerosas situações para diferentes tipos de trocas. Mas a Interacção é ainda para alguns artistas um evento mental dentro da mente do ‘espectador’ que ocorre quando este experiência uma qualquer forma de arte tradicional. Exceptua-se, no entanto, a Arte Digital, em que a interactividade permite diferentes formas de navegação, assimilação da informação, ou mesmo contributo para a obra de arte, e que portanto vai para além do mero evento mental. Enquanto que o envolvimento do ‘espectador’ na obra de arte foi explorado na performance, nos happenings, na vídeo arte, existem agora outras possibilidades de controlo sobre a obra, inéditas no meio digital. O utilizador despoleta acontecimentos. Temos narrativas abertas como uma estrutura ‘flutuante’, em que o ‘espectador’ passa a ‘utilizador’ e ganha controlo sobre o conteúdo, o contexto e mesmo o tempo.



Carácter participativo: múltiplos utilizadores podem manipular os parâmetros que foram estabelecidos pelo artista. Noutros casos os próprios os utilizadores poderão estabelecer eles mesmos os parâmetros tornando-se participantes remotos numa ‘live performance’.



Dinâmico: consegue responder a mudanças no fluxo de dados e à transmissão de dados em tempo real.



Costumizável: adaptável às necessidades de cada utilizador ou interveniente.




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